Corujas e morcegos

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ave aves!



Seu Juca Sem Fio . . .

Não se passou um só dia nesta minha vida
andarilha
tão parca de grandes realizações,
mas quase infinita
(se não o for por inteiro, sabe-se lá...),
sem o cotidiano encantar-me... e muito!...
com os presentes ganhos:
dores fincadas bem fundo na alma
tanto quanto alumbramentos
por aves, com aves, sempre as aves,
que um avestruz como eu
só com elas e por elas se deixa tocar.

Um dia é um condor azul que me beija,
com toda a paixão latente pelos cumes do mundo,
e o coração me leva para plantar lá nas alturas:
e lhe sorrio e lhe sou grato;
outro dia pode ser um beija-flor
a vir pairar no ar que respiro
e sugar-me até o fim o néctar cultivado
às claras da flor da pele:
e lhe sorrio e lhe sou grato.

Ave aves! Sou-lhes todo gratidão...
e aflitiva e alucinada espera,
dê-se a isso o nome que se der:
carência, ansiedade, tédio, náusea, piti...
saudade, não! que a saudade, nas aves,
não é sequer uma pena... uma pluma... arrancada,
mas parte do ser ave, a mais pura e permanente,
a mesma que muitos humanos
tolos que não querem voar
nem sabem que é a própria razão de existir.
.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Onde?


Onde riscas o céu como
brilho do seu onde olhas
tanto mel quando bebes
um cometa que sabe
aluar porque sonhas
mar onde raios estás
como luz onde breu
como fogo onde apagas
todo chão onde voas
feito som onde sou
quando estás?