Será um
poema tão denso e coeso
que se dele eu desmembrar
as três estrofes iniciais
cada uma terá novo sentido
– completo, redondo, primal –
porém, a conservar, latente,
cada uma terá novo sentido
– completo, redondo, primal –
porém, a conservar, latente,
a ligação visceral com o todo.
.E a estrofe derradeira,
solibunda, ecoará como
aforismo órfão, surreal,
ligada ao corpo do poema
só por tara atávica: rabo
de lagartixa a rebolar,
possesso pelo sem sentido
(a)parente? (trans)parente?
de uma sobrevida sem pé
nem cabeça nem sexo.
solibunda, ecoará como
aforismo órfão, surreal,
ligada ao corpo do poema
só por tara atávica: rabo
de lagartixa a rebolar,
possesso pelo sem sentido
(a)parente? (trans)parente?
de uma sobrevida sem pé
nem cabeça nem sexo.
\ö/
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1- Este texto, na verdade, nasceu (ou ressuscitou) de comentário a um intrigante poema de Diogo Liberano que li há séculos (ontem à tarde) no blog 'Plantando Livros e Escrevendo Árvores' (ou algo nessa linha), aqui.
2 - Não estou certo de que a imagem acima seja mesmo a de um rabo de lagartixa. Pode ser também o rabo de um girino, de um tamanduá, pangolim, água-viva, ramster, uirapuru, mulher-melancia... Como vou saber, se nunca me atrevi a apalpar glúteos de ortópteros e platelmintos?
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